Presidente do PT afirmou que está junto com a ABRASEL na luta contra a cobrança de juros no parcelamento do cartão de crédito
– Por Lucas Macêdo, atualizado às 17h00
A deputada federal Gleisi Hoffmann, que preside o PT, expressou críticas nas mídias sociais em relação à possível eliminação do parcelamento sem juros em compras realizadas com cartão de crédito. Em uma de suas postagens, ela declarou: “Estou ao lado da campanha contra a imposição de juros em compras parceladas com cartão de crédito”. Durante uma audiência no Senado no mês passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também apoiou esse movimento e sugeriu a aplicação de uma taxa para compras nessa modalidade.
A presidente do PT enfatizou ainda que considera “totalmente injusto que os bancos, que já obtêm lucros substanciais, busquem lucrar ainda mais às custas de comerciantes e consumidores. Além dos juros extremamente elevados, eles também cobram taxas que apenas beneficiam os bancos”, afirmou. Este texto foi compartilhado por ela na última terça (5).
Ela acrescentou: “É inaceitável que os bancos continuem colocando os brasileiros nessa situação desfavorável e justifiquem isso alegando que o parcelamento sem juros aumenta a taxa de juros rotativos do cartão. Isso não tem justificativa e não permitiremos essa exploração por parte dos bancos”.
Ela também se uniu à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) na luta contra a cobrança de juros no parcelamento do cartão de crédito. Ela argumentou que é importante proteger especialmente os pequenos comércios contra esse tipo de medida prejudicial.
Em meio ao debate sobre o uso do crédito rotativo do cartão de crédito, o governo federal e o Banco Central estão considerando maneiras de desencorajar as compras parceladas sem juros, que são vistas pelas instituições financeiras como a causa fundamental do problema e uma espécie de subsídio cruzado. Uma das opções discutidas é a adoção de um modelo de parcelamento que leve em consideração o tipo de produto a ser adquirido e o prazo da operação.
(Foto/reprodução: Internet)
Essa diferenciação por categoria de produto seria aplicada da seguinte forma: bens duráveis, como eletrodomésticos, poderiam ser parcelados em um maior número de prestações, enquanto produtos semi-duráveis, como roupas, teriam prazos de pagamento mais curtos.
Isso serviria para evitar o que é considerado “falta de bom senso” nas compras parceladas sem juros, com produtos de valor relativamente baixo sendo divididos em muitas parcelas. O prazo de pagamento também afetaria a taxa de juros, com um número maior de parcelas resultando em juros mais altos para o consumidor. Isso seria implementado de acordo com a lógica de mercado e competição entre as instituições financeiras, sem tabelamento.
Essas discussões ocorrem paralelamente à possível extinção do crédito rotativo do cartão, que é ativado toda vez que o consumidor paga apenas uma parte da fatura até a data de vencimento. Essa linha de crédito tem juros médios de 437% ao ano e uma taxa de inadimplência de 49%, de acordo com dados de junho.
SE INSCREVA NO NOSSO CANAL DO YOUTUBE CLICANDO AQUI
Com o fim dessa forma de financiamento, o cliente inadimplente seria automaticamente direcionado a um sistema de parcelamento com taxas mais acessíveis.
No entanto, fontes do governo têm dúvidas sobre os reais efeitos do fim do crédito rotativo, uma medida anunciada por Campos Neto. Há preocupações de que a eliminação dessa linha não resulte em uma redução efetiva das taxas de juros por parte das instituições financeiras, que continuariam a perpetuar o problema.
O cerne da questão, de acordo com essas fontes, é o poder de mercado dos grandes bancos, que ainda dominam o setor de cartões, apesar do aumento da concorrência recente.
A resolução final para essa questão depende de negociações com o setor varejista, que se opõe, por exemplo, à diferenciação de prazos com base no tipo de mercadoria. Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), argumenta que essa segmentação por categoria de produto não é prática, pois algumas lojas vendem uma variedade de produtos, incluindo itens de construção, eletrodomésticos e decoração, tornando difícil implementar essa diferenciação.
Em relação ao parcelamento com juros, que poderia ganhar destaque nesse novo sistema, o comércio espera a criação de novas opções de financiamento. Gonçalves Filho afirma que se o parcelamento sem juros for limitado, será necessário um sistema de parcelamento com juros mais competitivo, oferecendo taxas menores e prazos mais longos.