De Melatonina a Zolpidem, os sintomas negativos que a automedicação podem causar no dia a dia
Por Liryel Araújo
Fadiga, delírio, esquecimento e paranóia são alguns dos riscos associados ao uso de certos medicamentos para dormir sem prescrição médica. Um remédio que está dando o que falar nas redes sociais por seus sintomas adversos é o Zolpidem, um remédio tarja preta que se toma na intenção de melhorar a qualidade do sono, mas além disso, suplementos que se dizem naturais, como a melatonina, também demandam atenção.
O Zolpidem não apenas pode causar esses sintomas citados, como também pode levar a uma perda gradual da capacidade natural de dormir. A maioria desses medicamentos tem grande potencial para criar dependência química em seus usuários, levando a uma escalada na dosagem ao longo do tempo e a fortes crises de abstinência ao tentar interromper seu uso. Esse interesse público por medicamentos tem aumentado, como indicado pelas tendências de busca do Google nos últimos três anos, isso significa que o brasileiro tem insônia, ou seja, a saúde do sono brasileiro declina.
O sono é uma função fisiológica do corpo, e interferir nesse processo com medicamentos pode levar a estados de paranóia e delírio devido à alteração no nível de consciência.
Psiquiatras relatam um problema ainda mais sério: o uso de Zolpidem e derivados forma “recreativa”, simplesmente para “curtir o barato”. Ou seja: jovens estão usando drogas legalizadas para ter alucinações. Esses remédios devem ser tomados por indicação médica. O ideal é tomar esse remédio e dormir, não de forma recreativa.
“Além de colocar a própria vida em risco, o paciente pode tornar-se dependente”, afirma o psiquiatra Leandro Valiengo, coordenador dos ambulatórios de Cetamina e EMT do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da USP.
Quanto à melatonina, embora seja um hormônio naturalmente produzido pelo corpo, seu uso como suplemento para dormir deve ser feito com muita cautela. No Brasil, a Anvisa autoriza seu uso apenas como suplemento alimentar, não como medicamento para dormir. O Hospital Albert Einstein observa que a melatonina não mantém o sono, mas pode ajudar a iniciá-lo, e sua interrupção pode resultar na recorrência da insônia.
Por fim, para lidar com a insônia, é crucial identificar suas causas subjacentes, que podem incluir transtornos como ansiedade e depressão. O tratamento, se necessário, deve ser cuidadosamente monitorado, com uma data de início e término definida, para evitar dependência.
Além disso, alguns hábitos podem prejudicar a qualidade do sono, diminuir a quantidade de açúcar na dieta, passar muito tempo no quarto durante o dia, cochilar, exposição inadequada à luz, consumo excessivo de cafeína e uso de telas eletrônicas antes de dormir. É recomendado seguir o ciclo natural de luz do dia para regular o sono. No entanto, ajustar o sono não é algo que acontece rapidamente, requer planejamento e pode levar semanas para ser eficaz.
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