O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento para investigar uma possível manifestação de homotransfobia do pastor André Valadão durante uma pregação em uma igreja nos Estados Unidos, que foi transmitida pelo YouTube.
Durante o evento em questão, Valadão proferiu um discurso homofóbico, afirmando que os crentes não podem apoiar casamentos homoafetivos e sugerindo que os fiéis deveriam matar pessoas LGBTQIAP+.
Ele disse: “Agora é hora de retomar o controle e dizer ‘não, não, não, não, não, chega. Resetar’. E então Deus diz: ‘Eu não posso mais. Eu já coloquei esse arco-íris aí. Se eu poderia, eu desligaria tudo e começaria de novo. Mas eu prometi a mim mesmo que não posso fazer isso, agora está nas mãos de vocês’.”
“Você não entendeu o que eu disse. Eu disse que está nas mãos de vocês. Vou dizer de novo: está nas mãos de vocês. Chacoalhem quatro pessoas ao seu redor e digam: ‘Vamos em frente, eu e minha casa serviremos ao Senhor ‘”, complementando o pastor.
Ele também criticou drag queens, afirmando que elas estão entrando nas salas de aula “tentando ensinar sexualidade para nossas crianças, tentando ensinar às crianças que elas podem escolher ser o que querem”.
Além disso, ele alegou que as crianças estão tendo “liberdade para definir e serem mutiladas em seus órgãos genitais”, referindo-se à transição de gênero.
O procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, abriu o procedimento no MPF. A Aliança Nacional LGBTI+ também concedeu ao Ministério Público Federal, citando uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que estabeleceu que “condutas homofóbicas e transfóbicas são formas de racismo e devem ser punidas como tal, de acordo com a lei”.
A pregação em que Valadão fez os discursos mencionados ocorreu na Igreja da Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos, e foi transmitida pelo canal da instituição no YouTube. Durante o evento, ele também criticou a “mídia” e os governos.
O senador Fabiano Contarato (PT) afirmou que tomará medidas legais contra o pastor após o vídeo de Valadão se tornar viral. Ele declarou: “Não posso em silêncio diante do crime cometido por André Valadão, considerando tudo o que sou, no que acredito, minha família e minhas expectativas para a sociedade. Vamos tomar medidas legais para que ele responda por manipular a fé e incitar a violência”.
“Em um país onde tantas pessoas LGBTQIA+ são assassinadas, André Valadão não pode falar em nome de Deus. Deus representa união, amor, respeito e tantos outros sentimentos positivos, nunca apoio ao discurso de ódio e incentivo a assassinatos em massa”, acrescentou o senador.
Após a publicação de Contarato, Valadão entrou em contato e afirmou que “já se retratou sobre o que está fora de contexto na mídia”, enviando um link de um vídeo que ele postou anteriormente no Instagram.
No vídeo em questão, o pastor afirma que “nunca se trata de matar, segregar, mas sim de reiniciar, voltar à essência, ao princípio” e voltou a criticar o que chamou de “promiscuidade”.
Ele obedeceu: “Nunca se trata de matar pessoas, Deus nos livre desse terrível pecado, violência ou religião, mas sim da liberdade de viver conforme a própria crença.”